domingo, 30 de novembro de 2008

Abandono escolar e Magalhães

António Barreto no Público 30 Nov., a propósito do debate na Assembleia da República, sobre o OE.

barreto

Cartaz da greve - para os professores de Setúbal

greve_cartaz

Caros Colegas e Amigos,

Dia 3 vamos fazer greve.
Mas vamos fazer uma greve diferente.

Um grupo de colegas de várias escolas teve a ideia, trabalhou-a, preparou a logistica e vem agora divulgar a seguinte proposta a todas a escolas de Setúbal e Palmela:

De manhã, a partir das 8h30 (até às 10h + ou -) concentramo-nos à porta da respectiva escola. De seguida iremos até à baixa, Largo da Misericórdia, de forma a lá estarmos às 11h e encontrarmo-nos com os colegas das outras escolas. Haverá algumas intervenções, à semelhança do que se fez no dia 1 de Novembro à tarde.

É importante continuar a dar visibilidade à luta e no dia 3 não vamos ficar em casa.

Junto anexo proposta de cartaz, da autoria da Filomena Izidro, para divulgação desta iniciativa. Imprimam, ampliem ou não, afixem, reencaminhem a todos os colegas.

Força e coragem para os tempos que se avizinham!

Pelo grupo,

Isabel Cruz

Comunicado aos pais, alunos e população em geral sobre a greve

comunicado

«O Espírito da Coisa» (Cartas ao Director - Público)

Excelente texto do colega Rui Silvares.

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Sócrates apoia a ministra #2 (Público)

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Sócrates apoia a ministra #1 (JN)

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sábado, 29 de novembro de 2008

Cartaz da greve

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cartaz_greve

Mário Nogueira à saída da reunião com a ministra

Delegação de competências OE

O ministro Santos Silva justificou hoje a inclusão da dispensa da publicação em Diário da República da delegação de competências no âmbito da avaliação de professores no OE para 2009 com a necessidade de ultrapassar um "formalismo inútil."

Diário Económico Online com Lusa

O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, considerou "inacreditável" que uma norma que não tem nada que ver com opções orçamentais tenha sido incluída na proposta do OE afirmando que se trata de uma ilegalidade, e propondo a sua eliminação.

O ministério da Educação deu instruções às escolas para que dispensem a publicação em Diário da República, obrigatória de acordo com o Código de Procedimento Administrativo, das delegações de competências feitas no âmbito da avaliação de professores.

Essa instrução estará a ser seguida pelas escolas mesmo antes da votação do OE para 2009, que se realiza hoje de manhã, que vai "legalizar" a prática, ao dispensar aquela obrigação.

No debate do OE para 2009, que terminou hoje cerca da meia-noite, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, justificou o procedimento com a "previsão da sua aprovação."

Quanto ao conteúdo da alteração, Santos Silva disse que a norma "permite terminar com um formalismo perfeitamente inútil que obrigaria à publicação em Diário da República de cada uma da delegação de competências em processo de avaliação de professores."

O decreto que fixa o regime de avaliação de professores prevê que os coordenadores dos departamentos curriculares possam delegar as suas competências de avaliação noutros professores titulares.

Para Francisco Louçã, é "inaceitável" que o ministério da Educação vá contra a lei na presunção de que esta maioria absoluta aprove o OE."

O deputado comunista João Oliveira, que tinha alertado para a norma no início do mês, considerou igualmente que o ministério da Educação promove a prática de ilegalidades fazendo "do papel da lei um papel de embrulho."

Carta ao Presidente da República

Exmo Senhor Presidente da República 

Mais uma vez me vejo impelida a escrever a Vossa Excelência para dar conta, com a objectividade e comprometimento de quem está directamente envolvido na matéria, da gravidade da situação que compromete o Ensino Português, sendo que o modelo de avaliação de desempenho de professores é prova cabal. 
Procurarei ser muito precisa e concisa. Hoje, dia 27 de Novembro, participei numa reunião convocada pela Direcção Regional da Educação do Norte, para a qual foram convocados os Presidentes dos Executivos e Coordenadores de Departamentos. Participei enquanto Coordenadora do Departamento de Línguas da Escola Secundária de Barcelos. Esta reunião, como nos foi explicado pelo Dr. João Sérgio Rodrigues, coordenador da equipa de apoio às escolas, não tinha carácter "negocial", visando apenas apresentar e explicar o projecto do novo Decreto Regulamentar da Avaliação de Desempenho Docente ( http://www.min-edu.pt/np3/2890.html ). Por ser por demais escandalosa, carecendo de intervenção imediata das mais altas instâncias, passo a destacar alguns dos pontos que mais indignação e contestação devem merecer de todos os cidadãos portugueses e do seu representante máximo: 
1. Para este período de avaliação, será retirado um dos "pontos de discórdia" identificados pelo Ministério: dispensam-se os critérios da melhoria dos resultados escolares dos alunos e da redução do abandono escolar para aferir a qualidade do professor. Muito curiosa e sintomática foi a explicação dada: de facto, esta é uma matéria sobre a qual todos os países europeus se debruçam, mas sobre a qual ainda não há resultados conclusivos, daí que se tenha decidido cancelar até que haja garantias de fiabilidade. 
Não considera V. Excia por demais preocupante que o Ministério da Educação Português tenha introduzido um critério que ainda está a ser estudado, do qual não há "garantias de fiabilidade", que o tenha defendido até às raias da teimosia, para só o deixar cair, temporariamente (a Sra Ministra garantiu que o introduziria já no próximo ano lectivo), depois de manifestações de rua massivas? 
2. Para "simplificar" o processo e "responder" a alguns dos problemas levantados foram ainda apresentadas outras medidas, das quais destaco: 
a) os avaliadores (sejam coordenadores, sejam avaliadores por delegação de competências) partilham a mesma quota para atribuição das menções de Muito Bom e Excelente. Não serão avaliados pela componente científico-pedagógica (como previsto no Descreto-Lei 2/2008, de 10 de Janeiro), apenas pelo seu desempenho como avaliadores, pelo Executivo da Escola. Tal não inviabilizará que cheguem àquelas menções de topo; 
b) os restantes professores, apenas no caso de pretenderem concorrer para as menções de Muito Bom ou Excelente, é que serão avaliados na componente científico –pedagógica e só aí terão aulas observadas; 
c) um professor que queira ser avaliado por um avaliador da sua área científica deve requerê-lo por escrito – se não houver um titular da sua área, poderá o coordenador do departamento, com o conselho executivo, identificar um professor não titular com "perfil" adequado à função. Poderá, ainda recorrer a titulares de outras escolas. 

Poderia, ainda, apontar outras medidas, mas estas bastam para evidenciar a execranda solução encontrada pela equipa ministerial e que deixa a nu a demagogia e falsidade do discurso que tem sido debitado a toda a sociedade civil. Bastará recordar as mais próximas, do senhor Secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, no programa Prós & Contras, do passado dia 24 de Novembro, que mantinha como imperativo da manutenção deste modelo de avaliação o facto de se exigir uma avaliação "rigorosa, credível e que permita a diferenciação entre professores…", acrescentando ainda que "não podemos continuar a adiar uma solução que pode ser dolorosa, mas que exige a ruptura com uma cultura de escola que existia e que não deu bons resultados (…) com os resultados que tínhamos no sistema educativo, com os níveis de insucesso e de abandono escolar que tínhamos…". 
Como não reconhecer, de imediato, as reais intenções deste modelo? Ou seja, o fabrico de um sucesso artificial, estatístico, empobrecedor do futuro da nação, completamente indiferente a critérios pedagógicos e, mais ainda, incapaz de valorizar uma das peças fundamentais na construção de uma escola de qualidade: os professores. Se dúvidas havia, eis as provas cabais: 
· como entender que a um avaliador, como eu sou, seja retirada a componente científico-pedagógica, a única verdadeiramente importante, a única que relevará realmente para o sucesso dos alunos? Que professor, digno do seu nome e do respeito dos seus alunos, aceitará uma situação desprestigiante como esta? 
· como entender a arbitrariedade de uma lógica que diz privilegiar o desempenho docente, mas que admite como "voluntária" a sujeição de um professor a uma avaliação com critérios científico-pedagógico? 
· como entender que este carácter "voluntário" tenha por justificação a "simplificação" do processo? Será porque o Ministério considera que a maior parte do corpo docente é medíocre, pouco formado e com baixas expectativas, e por isso poucos se "candidatarão" às menções mais elevadas? 
· como entender a manutenção de uma diferenciação que se diz baseada no mérito quando, depois de um concurso de titular verdadeiramente injusto e discriminatório, acresce ainda esta fantástica contradição de "promover" um professor não titular (que, de acordo com o discurso do Ministério, é menos qualificado, tem menos mérito) a avaliador dos restantes colegas? Onde está o reconhecimento do mérito? 
· onde está, realmente, a valorização da autêntica dimensão do professor, a única que verdadeiramente contribuirá para o sucesso dos alunos, a sua dimensão científico-pedagógica? 

Enquanto professora sinto-me insultada. Não quero ser avaliada com um modelo que mais não fará que destruir o sistema público de ensino. 
Enquanto portuguesa, sinto-me duplamente insultada. A equipa ministerial não só está a destruir o sistema educacional português, como quer fazer crer que o faz para benefício deste mesmo sistema. 
A arrogância, prepotência do Ministério da Educação crescem a olhos vistos, basta atender ao modo como tratou o Conselho de Escolas (http://diario.iol.pt/sociedade/escolas-educacao-avaliacao-professores-conselho-das-escolas-iol/1017252-4071.html), aquele que mais deveria ser ouvido, pois é o que está mais próximo da realidade das escolas. 
Urge travar esta política educativa, que a cada momento se revela mais inconsequente, mais incoerente e potencialmente mais perigosa. É urgente fazer algo, Senhor Presidente da República, pois a matéria é de suma importância para o futuro do país. Fiquemos na história por termos agido. Os professores já deram o primeiro passo. 

Atentamente, 

Fátima Inácio Gomes 
Professora da Escola Secundária de Barcelos 
Coordenadora do Departamento de Línguas

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dia ‘D’ da avaliação

Um modelo transitório de auto-avaliação e a suspensão imediata do modelo em curso são as propostas que os docentes apresentam hoje à ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. O regime de avaliação levou esta semana milhares de professores a manifestaram-se pelo País. Só em Lisboa, estiveram ontem à noite cerca de cinco mil.

Ver a notícia completa do Correio da Manhã aqui.

Fotos da Manifestação de ontem em Setúbal

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Os professores querem tanto a avaliação como os não-professores

Escrevi este texto como comentário a um post dum blog. Acabou por ser mais do que um comentário. Como pode ser lido mesmo tirado do contexto onde foi colocado, aqui o deixo também.

Para Portugal, nos últimos anos, a referência para tudo é a Europa. Em matéria de avaliação dos professores parece que não pode ser assim. Porquê? 

Já não sei o que é mais absurdo, se a criação deste modelo pelo Ministério se as alternativas que tenho visto, propostas por professores, em que o esquema de pensamento é rigorosamente o mesmo. 

Eu entendo que haja pessoas que não percebam que ensinar visa antes de mais criar seres humanos, coisa que não é mensurável de maneira nenhuma. Não entendo que haja gente que deveria saber pensar, como os jornalistas, e que não entendem isso.

Falei com uma amiga, jornalista, que me disse que os sindicatos é que estão irredutíveis, pois as cedências da ministra satisfizeram os professores. 

Quando lhe disse que não é bem assim, que de facto as coisas têm sido exactamente ao contrário, quando lhe disse que os professores não estão propriamente contra uma avaliação mas contra esta enormidade que não existe em mais lado nenhum, pareceu não entender do que eu estava a falar. 

Quando lhe pedi para me referir um país onde exista uma coisa deste género, não o soube fazer, tal como não soube indicar as razões porque acha que este modelo deve ir para a frente. Não ser capaz de indicar razões não a impede, no entanto, de continuar a achar o que acha. 

Vivemos num mundo onde os argumentos deixaram de ter valor e as convicções, vindas não se sabe de onde, parecem falar nas pessoas como se estas fossem meros veículos para a sua propaganda, em vez de autores dessas ideias. 

Os «argumentos» mais utilizados para defender este modelo têm sido: 

1. Antes não havia; 

2. Nas outras profissões há avaliação; 

3. É necessário para o sucesso dos alunos. 

Então o facto de antes não haver (o que nem corresponde à verdade) constitui prova de que este é bom? Que lógica é esta?

Depois a ideia de que os professores não querem ser avaliados... Os professores não têm de querer nem deixar de querer ser avaliados. Os professores têm de ensinar! Os professores querem tanto ser avaliados como o querem os não-professores. É exactamente igual. 

Quem tem de decidir se os professores são avaliados é o ME, se o ministério decidir «sim» são, queiram eles ou não. «Ser ou não ser», não lhes diz respeito. Mas, se é decidido que vão ser avaliados, eles têm o direito de se manifestar sobre aquilo a que vão estar sujeitos. Não só têm esse direito, como têm esse dever, enquanto seres humanos e enquanto professores, se a sua dignidade e a qualidade da sua actividade estiver em causa. 

É no mínimo de má fé pensar-se que os professores, quando se manifestam, no fundo o que querem dizer é que não querem ser avaliados. Os professores estão bem conscientes que com qualquer modelo de avaliação, a esmagadora maioria teria BOM. A grande maioria dos professores não tem qualquer medo da avaliação.

E os milhares de professores que foram embora? Foram embora porque temem a avaliação? Porque não querem ser penalizados por ela? E então vão embora, fogem da penalização da avaliação para serem penalizados no ordenado? No pior dos casos o que vai acontecer a um mau professor será não progredir, mas muitos dos que se vão embora já estão no topo. Por que razão se manifestam uns, por que preferem perder dinheiro outros? 

A questão é que este modelo exige um desgaste imenso, um descentrar da actividade do professor do que é essencial, ensinar, para se centrar na sua avaliação.

(Manuel Galrinho)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mais de 20 mil professores nas manifs do Norte

Juntando o Porto, Braga, Vila Real e Bragança, ultrapassa os 20 mil. Os professores não se dexaram intimidar e mostram que esta luta é para ganhar.

Projecto de Decreto Avaliação de Desempenho Docente

A montanha pariu um rato. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

«Avaliação está parada» disse Albino Almeida

«Para quê suspender uma avaliação que está parada?» Foi mais ou menos assim que Albino Almeida colocou a questão (nesta altura Pedreira parecia mais cal do que pedra) e, como se não bastasse, ainda veio dizer que muitos bons professores não passaram a titulares.

Notei que Pedreira, o homem que fez em Setúbal a graçola de comparar os professores aos ratos, não gosta que se tragam graçolas para o debate sobre a avaliação. Das duas uma: ou a graça dos ratos não era uma graça, ou nesta questão só ele é que pode gracejar.

Neste debate deu para ver que afinal ainda há alguns professores felizes com este processo todo e que vêem nisto apenas um senão: haver pessoas que criticam a figura do professor titular. O «professor titular» foi, aliás, o tema da noite, para onde se resvalava continuamente, vendo-se a apresentadora obrigada, por várias vezes, a reconduzir o tema para a avaliação.

Foi pena o colega Aires Almeida ter deitado por terra a sua participação, acabando por enviar para o esquecimento as coisas acertadas que disse, ao insistir num erro devido ao desconhecimento da lei. Como professor de filosofia, deveria saber que desconhecer aquilo de que fala enfraquece a argumentação, dando assim armas ao adversário.

suspender_coisa_parada

domingo, 23 de novembro de 2008

A 1.ª Estrofe de «Os Lurdíadas»

OS LURDÍADAS

1ª Estrofe

As aulas e os serões assim estragados
Pela irracional aia tão tirana
Por males nunca antes acusados
Arcaram ainda insultos da ufana 
Em artigos de férreas leis lavrados  
Mais do que admitia a lei soberana 
Entre gente ignota se levantaram
E pelo reino os professores lutaram 

(António Galrinho)

Mais outra do Antero sobre os «ratos» que Pedreira diz que somos

ratos

Ver o blog do Antero aqui.

"Entre suspensão e aplicação do actual modelo de avaliação, não há entendimentos nem soluções intermédias!" - diz Mário Nogueira

Na próxima sexta-feira, dia 28 de Novembro, os Sindicatos de Professores voltam ao Ministério da Educação, convocados pelo ME, alegadamente para negociarem as medidas que este pretende adoptar, este ano, para simplificação do modelo em vigor. Tendo em conta a realização dessa reunião e algumas dúvidas surgidas em torno da mesma, colocámos ao Secretário-Geral da FENPROF e porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores, Mário Nogueira, apenas quatro questões que tiveram respostas muito rápidas e objectivas.

Ver as 4 questões e as respectivas respostas aqui:


Estou na expectativa de ver como será desta vez o entendimento entre sindicatos e ME...

Gato Fedorento - burocracias na escola

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tendências artísticas contemporâneas e as crónicas de Emídio Rangel

Quando li a crónica de Emídio Rangel sobre os professores a minha mente saltou para este vídeo sobre tendências vanguardistas na arte actual. De facto há algo de «arte contemporânea» no seu texto (ver o vídeo até ao fim). Só espero não ter ofendido o artista do vídeo com esta comparação...


Zune Paint from Sibling Rivalry on Vimeo.

Boa resposta!

Resposta de Paulo Carvalho a mais uma alarvice escrita por Emídio Rangel sobre os professores. Ver aqui a crónica de Emídio Rangel.

paulo «Ó Sr. Emídio:

O senhor, para além de escolher muito bem o título das suas babosas crónicas, pois «Coisas de Circo» assenta muito bem no palhaço, hoje acertou também no título deste artigo; apenas errou o sentido!

Arre que é de mais! Mas porque raio hão-de os dignos professores deste país ter de o aturar? Já sei… Porque somos 150000 e sempre conseguimos aquilo que uma só pessoa não conseguiu!

Que pena não aceitar ser governante! Pois… percebo… é melhor aceitar dos governantes, não é?

Já que trabalha 17 horas por dia, trabalhe só 16 e não estrague uma hora diária a urdir ofensas gratuitas! Se olhar para baixo encontrará uma pança calejada de tão coçada, pelas alvíssaras que lhe dão, para vomitar para cima de nós. Como há-de o senhor ter ingratidão aos políticos, como nós temos?

Neste país vêem-se jornalistas transformarem-se em muita coisa, mas confesso que em moço de recados, é inédito!

Não está hoje claro, sr. Emídio, que os professores transformam os seus alunos em gangs do ovo; o que está claro como água é a podridão cerebral que o assola! Tal como na miserável crónica de Março, o senhor faz afirmações tresloucadas que, não podendo provar, atestam o seu avançado estado de decomposição intelectual!

Fala de Alberto João Jardim? Pois nem de propósito! O senhor é o Jardim dos opinantes! Escreve o que lhe apetece, não lhe acontece nada, todos têm medo de si; mas há uma diferença, sr. Emídio: Os professores não têm medo de si e se o senhor continuar a insultar-nos do modo sujo e ordinário como faz, conte sempre que do outro lado está gente que tem os pés onde o senhor tem a cabeça!

Já agora, faça o favor de desinfectar a boca quando fala de Manuel Alegre, o único político livre e com coluna vertebral em Portugal; quando o senhor for alguém na vida, ou no PS, terá metade da dignidade de Manuel Alegre!

Por fim, sr. Emídio, que sorte a deste país ter ficado sem um jornalista traidor e ter ganho um troglodita opinante!

Paulo Carvalho»

Ver post original de Paulo Carvalho:


Mario Nogueira na RTP Notícias comenta as cedências da Ministra

As cedências da ministra da educação

Os sindicatos afirmaram que nada do que é essencial foi mudado, e a própria ministra o admite ao afirmar que o modelo se mantém. 
De facto o cancro reside na divisão da carreira em duas categorias e nisso a ministra nem fala. Esta divisão, que permite o afunilamento na progressão da carreira, fornece ainda um grande leque de avaliadores à borla.

Sobre a cedência da ministra há a dizer que mais uma vez MLR cedeu à sua tendência para responsabilizar os professores e as escolas daquilo que não são minimamente responsáveis. Agora foi a vez de responsabilizar as escolas pela dificuldade em fazer entrar a taxa de abandono e de sucesso dos alunos na avaliação dos professores. Por este facto, segundo a ministra, haverá um adiamento por um ano na aplicação destes critérios. Um adiamento não constitui verdadeiramente uma cedência, pois daqui a um ano cá estará novamente.

Vídeo da RTP Notícias

Os objectivos individuais são confidenciais

«Colegas:

Contra mais um golpe baixo do ME, queiram fazer o favor de responder ao DGRHE para o seguinte mail:
 
correio@dgrhe.min-edu.pt
 
e coloquem este texto (com base legal)
 
Ex Senhores:
Venho por este meio informar que a seguinte legislação não permite que os documentos sobre a minha avaliação sejam do conhecimento dos técnicos da DGRHE.

Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de Janeiro Artigo 6.º Instrumentos de registo
3 - Sem prejuízo da existência de cópias na posse dos avaliadores ou em arquivos de segurança, os originais dos instrumentos de registo são
arquivados, logo que preenchidos, no processo individual do docente, tendo este livre acesso aos mesmos.

Artigo 49º Garantias do processo de avaliação do desempenho
1---Sem prejuízo das regras de publicidade previstas no presente Estatuto, o processo de avaliação 512 Diário da República, 1.a série---N.o 14---19 de Janeiro de 2007 tem carácter confidencial, devendo os instrumentos de avaliação de cada docente ser arquivados no respectivo processo individual.
2---Todos os intervenientes no processo, à excepção do avaliado, ficam obrigados ao dever de sigilo sobre a matéria.

Para além disto, quer o artº Artigo 3º Princípios orientadores, quer o Artº40º Caracterização e objectivos da avaliação do desempenho referem que:
1 --- A avaliação do desempenho do pessoal docente desenvolve-se de acordo com os princípios consagrados no artigo 39.o da Lei de Bases do
Sistema Educativo e no respeito pelos princípios e objectivos que enformam o sistema integrado de avaliação do desempenho da Administração Pública, incidindo sobre a actividade desenvolvida e tendo em conta as qualificações profissionais, pedagógicas e científicas do docente.
 
Lei n.º 66-B/2007, de 28 de Dezembro
Artigo 44.º Publicidade
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior e de outros casos de publicitação previstos na presente lei, os procedimentos relativos ao SIADAP 3 têm carácter confidencial, devendo os instrumentos de avaliação de cada trabalhador ser arquivados no respectivo processo individual.
3 - Com excepção do avaliado, todos os intervenientes no processo de avaliação bem como os que, em virtude do exercício das suas funções, tenham conhecimento do mesmo ficam sujeitos ao dever de sigilo.
4 - O acesso à documentação relativa ao SIADAP 3 subordina-se ao disposto no Código do Procedimento Administrativo e à legislação relativa ao acesso a documentos administrativos.

(José Perdigão)»

Outros modelos de avaliação

Comparemos o «nosso» modelo de avaliação com os modelos de avaliação de professores na Alemanha, Suíça, Bélgica, Inglaterra, França, Espanha, Estados Unidos e Chile.

Aqui

O Antero dá-nos a verdadeira imagem dos ratos

rato

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Resposta a um anónimo sobre o descanso dos professores

Esta é uma resposta que anda a circular na Net a um anónimo que se indigna pelo facto dos professores se indignarem, pois são uma classe que tem descanço a mais. Alguém se deu ao trabalho de responder a esse anónimo, mas acho que de facto o professor que se deu ao trabalho de responder fez as contas muito por baixo. Eu não consigo preparar uma aula numa hora, pois para cada uma ou faço uma apresentação em PowerPoint, ou montagens de vídeo ou fichas de trabalho, ou outros materiais de apoio. Como ainda construo materiais de apoio que coloco no site http://www.filosofia.com.pt, que já vai com umas centenas de páginas e tenho de fazer horas extras para o trabalho de DT e gastar horas sem fim nas reuniões de Pedagógico, não me revejo nesta resposta. Sem falar no trabalho dos ateliers de fotografia e pintura, para os quais tenho 90 minutos semanais e gasto no mínimo 5h por semana. De qualquer modo aqui fica a resposta. Se alguém souber quem é o autor que me faça chegar a informação, para não ficarmos na situação caricata de termos um texto dum anónimo a responder a um anónimo.

«Caro anónimo indignado com a indignação dos professores, homens (e as mulheres) não se medem aos palmos, medem-se, entre outras coisas, por aquilo que afirmam, isto é, por saberem ou não saberem o que dizem e do que falam.

O caro anónimo mostra-se indignado (apesar de não aceitar que os professores também se possam indignar! Dualidade de critérios deste nosso estimado anónimo... Mas passemos à frente) com o excesso de descanso dos professores: afirma que descansamos no Natal, no Carnaval, na Páscoa e no Verão, (esqueceu-se de mencionar que também descansamos aos fins-de-semana). E o nosso prezado anónimo insurge-se veementemente contra tão desmesurada dose de descanso de que os professores usufruem e de que, ao que parece, ninguém mais usufrui.

Ora vamos lá ver se o nosso atento e sagaz anónimo tem razão. Vai perdoar-me, mas, nestas coisas, só lá vamos com contas.

O horário semanal de trabalho do professor é 35 horas. Dessas trinta e cinco, 11 horas (em alguns casos até são apenas dez) são destinadas ao seu trabalho individual, que cada um gere como entende. As outras 24 horas são passadas na escola, a leccionar, a dar apoio, em reuniões, em aulas de substituição, em funções de direcção de turma, de coordenação pedagógica, etc., etc.

Bom, centremo-nos naquelas 11 horas que estão destinadas ao trabalho que é realizado pelo professor fora da escola (já que na escola não há quaisquer condições de o realizar): preparação de aulas, elaboração de testes, correcção de testes, correcção de trabalhos de casa, correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo, investigação e formação contínua. Agora, vamos imaginar que um professor, a quem podemos passar a chamar de Simplício, tem 5 turmas, 3 níveis de ensino, e que cada turma tem 25 alunos (há casos de professores com mais turmas, mais alunos e mais níveis de ensino e há casos com menos - ficamos por uma situação média, se não se importar). Para sabermos o quanto este professor trabalha ou descansa, temos de contar as suas horas de trabalho.

Vamos lá, então, contar:

1. Preparação de aulas: considerando que tem duas vezes por semana cada uma dessas turmas e que tem três níveis diferentes de ensino, o professor Simplício precisa de preparar, no mínimo, 6 aulas por semana (estou a considerar, hipoteticamente, que as turmas do mesmo nível são exactamente iguais -- o que não acontece -- e que, por isso, quando prepara para uma turma também já está a preparar para a outra turma do mesmo nível). Vamos considerar que a preparação de cada aula demora 1 hora. Significa que, por semana, despende 6 horas para esse trabalho. Se o período tiver 14 semanas, como é o caso do 1.º período do presente ano lectivo, o professor gasta um total de 84 horas nesta tarefa.

2. Elaboração de testes: imaginemos que o prof. Simplício realiza, por período, dois testes em cada turma. Significa que tem de elaborar dez testes. Vamos imaginar que ele consegue gastar apenas 1 hora para preparar, escrever e fotocopiar o teste (estou a ser muito poupado, acredite), quer dizer que consome, num período, 10 horas neste trabalho.

3. Correcção de testes: o prof. Simplício tem, como vimos, 125 alunos, isto implica que ele corrige, por período, 250 testes. Vamos imaginar que ele consegue corrigir cada teste em 25 minutos (o que, em muitas disciplinas, seria um milagre, mas vamos admitir que sim, que é possível corrigir em tão pouco tempo), demora mais de 104 horas para conseguir corrigir todos os testes, durante um período.4. Correcção de trabalhos de casa: consideremos que o prof. Simplício só manda realizar trabalhos para casa uma vez por semana e que corrige cada um em 10 minutos. No total são mais de 20 horas (isto é, 125 alunos x 10 minutos) por semana. Como o período tem 14 semanas, temos um resultado final de mais de 280 horas.

5. Correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo: vamos pensar que o prof. Simplício manda realizar apenas um trabalho de grupo, por período, e que cada grupo é composto por 3 alunos; terá de corrigir cerca de 41 trabalhos. Vamos também imaginar que demora apenas 1 hora a corrigir cada um deles (os meus colegas até gargalham, ao verem estes números tão minguados), dá um total de 41 horas.

6. Investigação: consideremos que o professor dedica apenas 2 horas por semana a investigar, dá, no período, 28 horas (2h x 14 semanas).

7. Acções de formação contínua: para não atrapalhar as contas, nem vou considerar este tempo.

Vamos, então, somar isto tudo:

84h+10h+104h+280h+41h+28h=547 horas.

Multipliquemos, agora, as 11horas semanais que o professor tem para estes trabalhos pelas 14 semanas do período: 11hx14= 154 horas.

Ora 547h-154h=393 horas. Significa isto que o professor trabalhou, no período, 393 horas a mais do que aquelas que lhe tinham sido destinadas para o efeito.

Vamos ver, de seguida, quantos dias úteis de descanso tem o professor no Natal.

No próximo Natal, por exemplo, as aulas terminam no dia 18 de Dezembro. Os dias 19, 22 e 23 serão para realizar Conselhos de Turma, portanto, terá descanso nos seguintes dias úteis: 24, 26, 29 30 e 31 de Dezembro e dia 2 de Janeiro. Total de 6 dias úteis. Ora 6 dias vezes 7 horas de trabalho por dia dá 42 horas. Então, vamos subtrair às 393 horas a mais que o professor trabalhou as 42 horas de descanso que teve no Natal, ficam a sobrar 351 horas. Quer dizer, o professor trabalhou a mais 351 horas!! Isto em dias de trabalho, de 7 horas diárias, corresponde a 50 dias!!! O professor Simplício tem um crédito sobre o Estado de 50 dias de trabalho. Por outras palavras, o Estado tem um calote de 50 dias para com o prof. Simplício.

Pois é, não parecia, pois não, caro anónimo? Mas é isso que o Estado deve, em média, a cada professor no final de cada período escolar.

Ora, como o Estado somos todos nós, onde se inclui, naturalmente, o nosso prezado anónimo, (pressupondo que, como nós, tem os impostos em dia) significa que o estimado anónimo, afinal, está em dívida para com o prof. Simplício. E ao contrário daquilo que o nosso simpático anónimo afirmava, os professores não descansam muito, descansam pouco!

Veja lá os trabalhos que arranjou: sai daqui a dever dinheiro a um professor. Mas, não se incomode, pode ser que um dia se encontrem e, nessa altura, o amigo paga o que deve.»

Conferência de imprensa em Setúbal

Vai realizar-se uma conferência de imprensa, promovida por alguns dos professores que organizaram a manifestação no Largo da Misericórdia e a Reunião no Ginásio da ESSG.

A conferência vai ter lugar no sábado, 22 de Novembro, pelas 15h no Bar-Restaurante «três 15 dias», na Avenida dos Combatentes, n.º 40.

Pretende-se que estejam presentes pelo menos 2 pessoas de cada uma das 10 escolas/agrupamentos, de Setúbal.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Greve e reposição de aulas

Tenho recebido muitos e-mails onde se diz que o novo ECD obriga à reposição das aulas não leccionadas por greve, nomeadamente nos cursos profissionais onde os alunos obrigatoriamente têm de assistir a 90% das aulas. 

Alguns professores, principalmente aqueles que leccionam disciplinas dos cursos profissionais, dizem que não poderão fazer greve pois terão de repor as aulas. Não é nada disto. O que acontece é o seguinte: quando se verificar que os alunos, por razões que não lhe são imputáveis ou por doença, não possuem os 90% das aulas, a escola tem de accionar mecanismos compensatórios, previstos na lei. Mas em geral esta é uma situação que só se detecta quando nos aproximamos do final do ano em que a disciplina é terminal.

O receio destes colegas é assim totalmente infundado, não entendo onde foram buscar esta ideia. O Direito à greve está assegurado na Constituição Portuguesa e nenhum professor é obrigado a leccionar noutro dia as aulas não dadas, mais as que já tem para esse dia. Se o fosse a greve não teria qualquer sentido.

Aqui ficam, para os mais esquecidos, os pontos 1 e 2 do artigo 57 da Constituição da República Portuguesa.

Artigo 57.º

1. É garantido o direito à greve.

2. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito.

(Manuel Galrinho)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para Jorge Pedreira os professores são como os ratos

No passado dia 16 de Novembro, Jorge Pedreira disse que não se pode negociar com os professores pois a eles adapta-se o proverbio chinês: «Quando se dá uma bolacha a um rato, a seguir ele quer um copo de leite».

Algumas pessoas viram nesta afirmação uma metáfora infeliz. Eu, pelo contrário, acho que Jorge Pereira, que é uma pessoa que está por dentro do assunto, sabe o que está a dizer. De facto não têm sido os professores, em todo este processo de reformas, ratos de laboratório? Cobaias submetidas a um  modelo nunca antes testado?

(Manuel Galrinho)

A loucura dos objectivos...

Recebi este documento por email como sendo uma coisa mesmo real, mas eu espero que seja apenas uma brincadeira para nos divertirmos.  Gostei principalmente da página 25, aquela que está marcada com o número 24 - Objectivo estratégico: promover o auto-financiamento. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Já está online a aplicação informática do ME para a definição dos objectivos individuais

É o dar tudo por tudo, é a corrida contra o tempo. O ME já colocou online a aplicação informática onde os professores deverão colocar os seus objectivos individuais.

Parece mentira mas é verdade. Parece loucura e é mesmo!!!!

Clica na imagem para acederes à página da aplicação.

OI

Só a ministra da educação acredita...

Já só a ministra da educação acredita que a avaliação dos professores está a decorrer normalmente em todas as escolas.

Agora foi a vez da Escola de Monserrate de Viana do Castelo. Os 150 professores, reunidos em RGP, decidiram por maioria, suspender o processo de avaliação.

Vídeo da SIC Notícias sobre esta resolução da Escola de Monserrate.

Resposta dos sindicatos à intenção da ministra em manter o actual modelo de avaliação

As respostas à intenção da ministra da educação em manter o actual modelo de avaliação são:

1. de 25 a 28 de Nov. Manifestações regionais nas capitais de distrito;

2. dia 3 de Dez. Greve Geral dos Professores;

3. dias 4 e 5 vigília de 48h frente ao Ministério da Educação.

Vídeo da SIC Notícias sobre este plano de luta.

Conselho de escolas votou suspensão do processo de avaliação

O Conselho de Escolas, reunido hoje, votou a suspensão do processo de avaliação. 

Vários jornais dão esta notícia em primeira página.

Vídeo da Sic Notícias sobre o assunto.

Jorge Pedreira esteve ontem em Setúbal

Jorge Pedreira esteve ontem em Setúbal na Estalagem do Sado. António Galrinho esteve lá e dá conta do que aconteceu.

Clique aqui.

domingo, 16 de novembro de 2008

E AGORA, SRA. MINISTRA?

Carta do professor António Galrinho publicada no Público no dia 15 de Novembro de 2008.

cartas_ao_director

«Desde que resisto, sou MAIS FELIZ!»

Leiam este texto, contém as mais belas palavras que já foram escritas sobre as reformas que estão a ser feitas na educação.

«Colegas,

Suponho que todos se sintam sensibilizados por sentirem que, no passado Sábado, fizeram parte de “algo maior”, que fizeram parte da história…

Pois na história, por maior e mais significativa que tenha sido a manifestação, é onde todos e cada um dos 120 000 irá ficar se, chegados às escolas, nada fizerem para mudar as coisas.

Sei que muitos se sentiram desiludidos com as consequências práticas da primeira manifestação e que muitos temem a repetição do mesmo com esta segunda manifestação. Alguns sentem-se desiludidos, ou mesmo ultrajados, com as declarações da Sr.ª ministra da Educação na televisão…Seremos assim tão ingénuos que estávamos à espera que ela viesse às televisões pedir desculpa, dizer que se tinha enganado e que se iria empenhar, connosco, no combate aos verdadeiros males do nosso ensino?! Não me façam rir!

Porque não há-de a ministra se sentir segura, se ela sabe que 90% dos professores que aos Sábados vêm gritar para as ruas chegam às escolas, na segunda-feira seguinte, e continuam a colaborar na política das aparências…

Ela conta com o nosso medo, conta com a nossa inércia, conta com o nosso “seguidismo”…Não lhe interessa resolver nada do que está mal, interessa-lhe apenas a nossa colaboração. E ela sabe que a está a ter em centenas de escolas, as mesmas de onde vieram muitos dos 120 000. A esse medo chama-se CONIVÊNCIA!

Sejamos honestos! Em causa não está a avaliação, mas TUDO o resto. Toda a política da aparência que está a conduzir o sistema de ensino público português para o mesmo caminho que o nosso famigerado sistema nacional de saúde.

Quem, de entre nós, tendo um pouco de dinheiro, não prefere recorrer a uma clínica privada do que perder horas num centro de saúde ou num hospital público?! Pois o mesmo irá acontecer ao sistema de ensino público português, caso não nos revoltemos contra esta política que, perante as dificuldades, cede. 

No futuro, e o futuro é daqui a dois ou três anos, no sistema de ensino público ficarão apenas os que forem incapazes de fugir para o privado: professores e alunos.

Os meninos estão a ter maus resultados a Matemática? Não faz mal, baixa-se o nível de exigência dos exames. Os meninos ficam retidos no final do ano? Não faz mal, inventam-se dezenas de “planos” e de “justificações” e o pessoal, só para não ter que preencher a papelada, continua a “engolir sapos” e a passar os meninos todos no final de cada ano. 

É necessário passar a imagem, para a opinião pública, que o governo está muito preocupado com os problemas do ensino? Inventa-se uma “avaliação burocrática de docentes” e a malta colabora, com medo, e vamos para casa todos contentes com o “Bom”…

O sistema público de ensino está a ruir a cada ano e em vez de enfrentarmos os problemas de frente e assumir o que está mal, incluindo o que está errado dentro da classe docente, continuamos a colaborar com o “sistema”…Ou seja, o “Titanic” afunda-se, mas nós continuamos a dançar ao som da orquestra…
Pois bem, se houver alguém que acredite que este sistema de avaliação vai melhorar o nosso sistema de ensino, que entregue os objectivos pessoais.

Se houver alguém que acredita que os professores que se esforçam, que sempre se esforçaram, vão ser “premiados”, que entregue os objectivos pessoais.

Se alguém acredita que os nossos colegas que sempre fizeram do ensino a sua “segunda profissão” e se gabam de usar indiscriminadamente os 102 irão ser penalizados, que entregue os objectivos pessoais.

Se alguém acredita que este processo nos irá ajudar a melhorar os nossos métodos de ensino e a ser melhores professores, que entregue os objectivos pessoais.

Se alguém acredita que este processo irá permitir detectar os nossos erros e corrigi-los, beneficiando indirectamente os nossos alunos, que entregue os objectivos pessoais.
Mas NÃO ENTREGUEM OS OBJECTIVOS POR MEDO! Não cedam à chantagem do medo e às ameaças da ministra. Todos temos muito a perder, mas há coisas que não têm preço…Uma delas é a nossa dignidade profissional.

 Nós somos professores e, na nossa profissão, todos os dias somos confrontados com ameaças directas à nossa autoridade. Quando não temos mais argumentos para convencer os nossos alunos pela razão, o que é que fazemos?! Ameaçamos! É a última arma que resta, quando faltam mais argumentos…Sabemos bem como é!

Pois bem, temos uma ministra que, há muito, desistiu de nos convencer pela razão, pois nós bem sabemos da hipocrisia desta pseudo-avaliação. Que lhe resta? A ameaça…Como não pode mandar os professores para a “rua” com uma falta disciplinar, ameaça-nos com a não progressão na carreira. E nós? Nós, pelos vistos, cedemos com um sorriso nos lábios…
Seremos assim tão ingénuos que pensamos que, se alinharmos no “esquema” e entregarmos os objectivos, nada nos irá acontecer?!

Seremos tão ingénuos ao ponto de pensar que, se alinharmos com o “sistema”, o nosso emprego estará assegurado para sempre?

Será que as pessoas não compreenderam que os tempos mudaram e que já não há certezas no que toca a um emprego para toda a vida, nem mesmo para quem trabalha para o Estado?

ACORDEM e olhem à vossa volta…Estamos a entrar numa das piores crises financeiras que o mundo ocidental já conheceu… Alguém acredita que o seu emprego estará seguro indefinidamente só por não contrariar o “chefe”?! Os tempos mudaram e não voltam atrás, nem mesmo para quem é funcionário público.


A escola de Silves está cheia de pessoas normais, não de super-heróis. As pessoas que estão a boicotar a avaliação na minha escola são pessoas honestas e cumpridoras da lei. Pagam impostos e não têm cadastro criminal. Não são loucas, nem irresponsáveis e, por isso, também têm medo. 

Estão habituadas a ensinar aos seus alunos e filhos a cumprir as leis. Mas sabem que antes de qualquer lei, está a lealdade e a rectidão perante as nossas mais profundas convicções.

Os professores de Silves também têm medo das repercussões que este acto de resistência pode ter nas suas carreiras, sobretudo os corajosos avaliadores que arriscam, talvez, um processo disciplinar. De onde lhes vem a coragem? De saber que pior que ter medo de não cumprir esta avaliação, é o medo de olharmos para o espelho e termos vergonha de não termos defendido a nossa dignidade profissional e os nossos alunos.

É disso que se trata, de defender a dignidade do nosso sistema de ensino. É daí que nos vem a força, das nossas convicções…Como poderíamos olhar de frente, olhos nos olhos, os nossos alunos se cedêssemos na luta pelos nossos ideais? 

A ministra ameaça-nos como “meninos mal comportados” e nós claudicamos? Em Silves, não!
Não sigam o exemplo dos professores do Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues de Silves, sigam a vossa consciência. E se, perante ela, se sentirem bem em entregar os objectivos pessoais, entreguem-nos!

Nós, perante o medo, continuamos a RESISTIR! E desde que o começámos a fazer que dormimos melhor e que temos um outro sorriso…Estamos bem com a nossa consciência e isso não tem preço.

Desde que resisto, que sou MAIS FELIZ! Os meus alunos agradecem…

Pedro Nuno Teixeira Santos, BI 10081573, professor QZP do grupo 230 no Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues (Silves)

(NOTA: se alguém me quiser instaurar um processo disciplinar na sequência deste texto, agradeço o envio de um e-mail e eu envio na resposta, e com agrado, o resto dos meus dados pessoais)»

Trucidados - Constança Cunha e Sá - Público

trucidados
«E, de repente, por obra e graça dos professores, o Governo repescou, num fim-de-semana, o seu velho discurso contra os interesses instalados e os privilégios das corporações. Confesso que já tinha saudades deste Governo firme e iluminado, pronto a impor as suas "reformas" à revelia dos "reformados" e da própria realidade. No dia da manifestação, que juntou 120.000 professores em Lisboa, não deixou de ser tranquilizador ver a ministra da Educação voltar ao que sempre foi, garantindo que o processo de avaliação decorria normalmente em todas as escolas: aparentemente, a dra. Maria de Lurdes Rodrigues tem informações preciosas (e confidenciais, claro) que lhe permitem dizer que, por trás da balbúrdia da rua, se encontra, no sossego das escolas, uma larga maioria de professores conscienciosos que apoiam, clandestinamente, as medidas tomadas pelo Governo. O facto de esta segunda grande manifestação dos professores ter juntado mais de 80 por cento da classe e a constatação de que o processo de avaliação está suspenso em mais de metade da escolas são pormenores de somenos que não perturbam a retórica do ministério, embora não possam obviamente deixar de perturbar a qualidade do ensino.

Mais atento à realidade dos números, o secretário de Estado adjunto da ministra lembrou-se de comparar o que parecia incomparável, explicando que, assim como o aumento dos impostos não pode ser negociado com os cidadãos que os pagam, também as medidas avançadas pelo Governo na área da educação não podem ser negociadas com as partes envolvidas no processo. Esta inovadora tese, que sobrepõe os altos desígnios do Governo aos interesses mesquinhos que guiam os governados, abre as portas a um novo mundo socialista onde o diálogo se transforma numa inutilidade e o consenso é, antes e mais, um sinal de fraqueza que se deve a todo o custo evitar.

Entre as habilidades do Orçamento, a abertura às pequenas e médias empresas, o cuidado com os pobres e a atenção aos funcionários públicos, a avaliação dos professores teve o condão de fazer vir ao de cima o verdadeiro Governo do eng. Sócrates e de reacender a sua luta contra os inúmeros privilegiados que se passeiam pelo país. A crise internacional, como se sabe, tem dias: tanto leva à nacionalização do BPN, como se encolhe perante uma classe empedernida que, de acordo com o discurso oficial, anda por aí a protestar na rua porque não quer ser avaliada - ou, pior ainda, porque não está para perder tempo com duas ou três folhas de papel. Como diria o outro, uma classe assim, que não se deixa modernizar, acabará inexoravelmente por ser "triturada".

Pelo menos, é o que garante um tal Castilho dos Santos, secretário de Estado da Administração Pública, com preocupante à vontade: "Trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma (da administração pública) serão trucidados." Bem pode o eng. Sócrates andar por aí a pregar contra o "capitalismo de casino", tentando heroicamente aproximar-se da esquerda: a verdadeira natureza do seu Governo surge, límpida e cristalina, através destes seus dois secretários de Estado. Um anuncia, de forma descontraída, que os trabalhadores que não estão com a sua reforma vão ser inexoravelmente "trucidados". O outro garante, cheio de si, que qualquer reforma conta, à partida, com a oposição dos que não se querem deixar reformar. Concluindo, não vale a pena negociar com todos aqueles que, por motivos mesquinhos, estão contra as reformas que os afectam, até porque, em última análise, se estes se mantiverem firmes nas suas nefastas posições, acabarão por ser higienicamente "trucidados". Nos tempos do Estado Novo dizia-se que quem não estava com o poder estava inevitavelmente contra o país. O eng. Sócrates e o seu Governo conseguiram ir ainda mais longe: agora, quem não está com o poder está a um passo de ser "trucidado". É obra! Jornalista»

(Público)

sábado, 15 de novembro de 2008

Manifestação de 15 Nov. - SIC Notícias

Fotos da Manifestação de Professores - 15 Nov.

(clicar nas fotos para visionar em tamanho grande)

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Para ver mais fotos da manifestação clicar aqui.

Ver mais fotos em slideshow.

Só duas folhinhas...

Tanto a Ministra da Educação como o Primeiro Ministro, afirmam que o trabalho que os professores têm de fazer em termos de avaliação se resume ao preenchimento de 2 folhinhas.

Estas afirmações levaram a professora Maria Leonor Varela (avaliadora e avaliada) a escrever a seguinte carta à Directora Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo: 
(Clicar na carta para aceder)


Carta aberta do sindicato dos inspectores

Carta aberta sobre a frase do Secretário de Estado: "Governo não avança para já com processos disciplinares a quem recusar avaliação".

Não deixes de ler esta carta de José Calçada, tem apenas 2 páginas, está excelente. Revela uma grande consciência do que está a acontecer em torno da avaliação dos professores e está muito bem escrita.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cecília Onório - «A ministra desprezou a maior manifestação de sempre»

Inspectores também querem o fim da avaliação

inspectores

O presidente do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino (SIEE), José Calçada, defendeu esta quinta-feira a suspensão do processo de avaliação de desempenho dos professores, alegando que o modelo definido pelo Governo «não é exequível», noticia a Lusa.

Ver o resto da notícia em: